Escrevi a newsletter #10 na última semana de dezembro, mas não publiquei. Essa, na verdade deveria ser a #11. Mas vou tentar restaurá-la de alguma forma. Se ficar grande, tenha paciência. O ano acabou de começar, certeza que você está em paz com a vida e com a cabeça leve.
Resquícios de 2023, me preparando para 2024
Queria me despedir de 2023 dizendo o quanto é estranho pensar que cheguei até aqui. Que cumpri com o que me comprometi, que realizei algo. Eu fiz. Ponto. Foram poucas, apenas 9. Teria sido lindo mandar em dezembro, fechar o ano com 10 edições, mas amei a simbologia do número 9 - uma gestação!
Digo que foram poucas, pois obviamente estou me comparando com quem faz isso há mais tempo, trabalha e ganha dinheiro produzindo uma newsletter e, claro, com quem tem aptidão para a coisa.
Pensando em mim mesma, acho que foi um ganho enorme. Gigantesco. Seja pela determinação, coragem, persistência de manter essa rotina - ainda que sem muita disciplina - seja pela insistência por acreditar que até escrevo legal ou tenho algo a ser dito. E isso é aprender a me dar uns biscoitos pelas minhas realizações e conquistas.
No fundo, quero registrar que estou muito feliz de estar aqui compartilhando minhas bobagens para quem quiser ler. E também agradecer. Mesmo quem faz leitura dinâmica, mesmo sem interação, mesmo que você ache que tudo isso aqui é uma grande besteira e não signifique nada para você. Eu agradeço demais por você estar aqui. Sei que de alguma coisa reverbera por aí. E estou disposta e disponível para trazer ainda mais conversas neste 2024.
Vem comigo?
O tamanho que Janeiro tem
Janeiro durou um ano, é a sensação de geral. Conversando com uma amiga, constatamos que muito dessa percepção vem das expectativas depositadas para o novo ano. Acompanhando o processo de mudança da escola do meu filho, fico com a impressão que nós, adultos, desejamos que tudo novo apareça (e o velho desapareça) no dia 1º de janeiro, tal qual uma criança/jovem passando pelo ano escolar, entrando numa nova turma ou numa nova escola: novas matérias, novos colegas e professores, nova sala. E se avaliarmos mais um pouco, até sairmos da faculdade, temos essa promessa de ano novo, tudo novo. Adultos que somos agora (será?), esquecemos, ou queremos esquecer, que é apenas uma virada na folhinha, uma nova agenda ou planner. Boletos, problemas, dores lombares, angústias, absolutamente tudo é igual ao ano passado. E se janeiro dura um ano é porque nossa negação está no seguir com os B.O.s sem varinha mágica zerando a vida.
Embora tenha sido um janeiro pesado, eu quero acreditar que o ano vai ser bom. Fácil é impossível, mas que seja razoável, generoso e prazeroso para todos nós.
Minhas férias
Ana Holanda passou exercício de escrita sobre as férias, Neli Pereira fez um domingão do balcão sobre elas… Puxa, acho que são vários avisos de que preciso escrever sobre isso, né?
Estivemos no Rio por quase 15 dias que duraram 15 minutos. Tempo. É sempre tão relativo... Fomos à praia uma única vez, comemos o Pão de Açúcar e bebemos o Mar de Ipanema.
Tivemos muitas doses de amor com a família e amigos, mas não saciamos a saudade. É quase impossível. Estar no Rio é estar em uma montanha-russa de emoções, encontros, saudades e até uma vontade de ir embora para não doer tanto. Pode não parecer, mas não é sobre o Rio de Janeiro, é sobre as pessoas.
Ficamos ainda uma semaninha em Floripa/Campeche. Foi bom, mas, de novo, a gastroenterite nos pegou. Eu nem sei mais o que penso sobre isso.
Listas
Não criei nenhuma lista no final do ano - já sou a rainha delas e nunca termino com a que comecei - seja de afazeres, desejos ou metas para o novo ano. Consegui, como sempre, terminar janeiro já com uma lista de pendências - ou seja, coisas que não resolvi - para fevereiro. Mas não resisti e acabei fazendo uma listinha com as melhores comidas dos dias em terras cariocas:
Arroz de camarão, da Bethinha. Vou pedir, na cara dura, a receita para ela. Saboroso, caudaloso (isso é um elogio para comida?) e perfeito com a sangria que ela faz.
Gelatina colorida, da minha irmã Evelyn. Memória afetiva total de uma das melhores sobremesas da infância, quando a minha mãe fazia num Tupperware verde e mudava só a tampinha do fundo e quando virava tinha a marca de estrela ou coração.
Salpicão de frango, da minha cunhada Eliane. Eu amo o salpicão da minha família, mas acho que de tanto fazer na Mandarina, cansei dele. Minha cunhada usa frango cozido desfiado, beeeeeeemmmm desfiado, uva passa e alguns temperinhos que preciso perguntar.
Ceviche de manga, que eu mesma fiz. Sério, me superei!!!! Vocês querem uma edição extra com receitinhas para o Carnaval?
E aproveito para um adendo sobre os lugares que fui, que valem a visita e alguns clássicos que sempre me dão o maior prazer em voltar:
Braseiro da Gávea - carioca zona sul ao extremo. Você cruza com globais, senta ao lado de um famoso, finge normalidade, pede uma picanha fatiada com arroz de brócolis, farofa de ovo e batatas portuguesas. Toma mil chopps gelados e não reclama da conta. Indico chegar às 11h30 e depois ir pra praia. Se fizer ao contrário, tenha paciência para ser atendido no ano seguinte.
Bracarense - só pelo chopp gelado e empadinha de camarão. Peça em pé mesmo e segue o baile.
Bar Madrid - nosso amigo paranaense e botequeiro de carteirinha recomendou esse pé sujo carioca. E na Tijuca! Convenci minha irmã Patrícia de comemorar o aniversário lá e no dia mais quente do ano, tivemos que burlar as manifestações políticas do local para meu pai não reclamar, e fomos de cerveja gelada, milanesa e tortilla espanhola.
Xepa, Polvo Bar, Chanchada Bar: fizemos com os primos do Ro, Bethinha e Marcão, um pequeno tour pelos bares de Botafogo. Pequeno, porque só fomos em 3 e o bairro concentra o maior número de bares e botecos por metro quadrado carioca. Saldo do dia: o torresmo de barriga de porco do Xepa é algo indescritível. Sério, sem igual. O caju amigo e o vinagrete de polvo do Polvo Bar foram os destaques do local. O Chanchada tem drinks mais “debochados”, digamos assim. A barriga de porco ficou anos luz atrás da do Xepa, mas o molho do coração de pato, vale cada raspada de pão. Peça a prova das batidas, são diferentes e bem boas.
Lamas e Mureta da Urca: pra fechar nosso período carioca, saboreamos uma milanesa gigante com salada de batata do Lamas (cortada com colher) e um drink na Mureta da Urca. Perfeição!
Casa Porto: fica na região da chamada Prainha da Mauá, ao lado da Pedra do Sal. Se for ao Museu do Amanhã ou no MAR, é uma ótima pedida (prefiro ele ao Angu do Gomes que fica em frente). Preço honestíssimo, com comida boa e cerveja gelada. Prove a Mamata, batida de maracujá com gengibre. Cremosa e perfeita!
Pablo, qual é a música?
(ficou o original de quando escrevi lá no Rio, o sentimento é o mesmo, ainda mais nessa época de carnaval)
Deixei a lista das 50 melhores músicas lá em Curitiba. Estou aqui enrolando qual música seria bacana para combinar com verão, Rio de Janeiro e afins. Poderia ser um samba, poderia ser um chorinho, mas ninguém melhor - e que eu ame tanto -, para representar essa carioquice marota. Lulu Santos personifica essa leveza do Rio de Janeiro. Um “hitmaker” de primeira que emplaca 10 entre 10 músicas. Ele canta, literalmente, toda forma de amar em quase todas suas letras. E essa é uma das músicas que mais amo, está, inclusive, no meu disco de casamento (calma, o CD que distribuímos aos convidados).
No meio do caos carioca, onde encontros são rápidos e seguimos na luta para estarmos juntos, se amando como possível, ela se encaixa com perfeição. No final das contas, o que importa é que não desejamos mal a quase ninguém.
E como é a primeira do ano, ainda posso desejar que 2024 seja leve, amigável e divertido.
Que seja um ano bom.
No fundo, sempre é.
Bom carnaval!
Beijocas e até loguinho.
Rê
Você escreve super bem (disse uma doutora em Letras, se é que isso quer dizer algo nessas horas ahhahaah). Adoro suas Newsletters.
Adorei todos os textos dessa edição da Palavras Temperadas. Como você escreve bem! Nunca pare de escrever. Te amo. <3