#16 O tempo não passa tão lentamente como canta a diva
Outono em Curitiba, obra sem fim, Cozinha sem Fronteiras e como estarei vidrada na TV dia 04 de Maio.
Oi, tudo bem?
Viradona de tempo e o outono já deu as caras. Quando comecei a escrever essa cartinha, tudo estava meio cinza, frio e chato…. De repente, virou de novo e apareceu um céu azul brilhante, sem nenhuma nuvem e a luz de outono invadiu a cidade. Tive que mudar o primeiro parágrafo todinho por conta disso! Não há luz mais bonita que a luz do outono em Curitiba. Talvez só a luz do outono no Rio, mas aí é pelo conjunto da obra também. Aproveitamos essa luz perfeita e fizemos uma caminhada no último domingo muito gostosa. Vale a pena andar pelo centro da capital em dias como esses… Passeio Público, Largo da Ordem, descer a Júlia da Costa, Praça da Espanha e voltar pra casa… bom para começar a semana com muita disposição, sabendo que aproveitamos esses dias lindos.
Lembra da saga do banheiro? Seguimos firmes e fortes para encontrar de onde raios está saindo a água que insiste em brotar na parede/chão. Desde o dia 15 de setembro, dia em que a obra começou, meu banheiro segue inacabado. Todo o revestimento extra comprado, está indo embora. Sinceramente, não sei se isso é bom ou ruim. Podíamos simplesmente vender o apartamento, mas vizinhos difíceis, prédio com problema e encanamentos só mudarão de endereço…
Pegando o gancho da coisa, a maior questão, para além de vazamentos, é o quão difícil é ser mulher e ignorante do assunto - digo ignorante já que não me interessa e muito menos domino a temática, portanto, ignoro e não me sinto apta para falar dele (só uma tentativa de me fazer entender por me denominar ignorante, sem me autodepreciar). As reações, caras e falas que os profissionais da área se dirigem a mim me dão embrulho no estômago e eu só queria subir no salto e fazer que nem a Hannah Waddingham fez semana passada: você não falaria assim se fosse um homem, então, fala direito comigo.
No fim, acabo botando a viola no saco, reduzo a minha insignificância de ignorante no assunto, penso em quebrar o banheiro inteiro em vez da cabeça dos homens e dou aquele berro com a boca no travesseiro para aliviar.
Dois anos da Cozinha Sem Fronteiras
Eu gosto da história do projeto chamado Cozinha Sem Fronteiras… gosto do projeto, dos aromas, dos sabores, do propósito, das mulheres e histórias que conheço. De tudo. Mas entendi, finalmente, na última edição que eu não gosto da cozinha profissional. Vamos combinar, eu já sabia disso, não é mesmo? No entanto, verbalizar dessa forma, ganha outro peso, não importa as camadas e nuances da questão, eu estou dizendo e aceitando este fato concreto.
Por ora, a reflexão sobre a verbalização feita vai ficar de fora e vou me ater a contar um pouco como surgiu o projeto e tudo que já aconteceu em suas sete edições. A memória pode me pegar, afinal, os últimos dois anos foram tensos, intensos e cheios de névoa mental, mas acho que vou conseguir recuperar algumas coisas bacanas que aconteceram ao longo desse período.
Quando abrimos a Mandarina, ainda no meio da pandemia, pensamos em formas de seguir com o negócio e trabalhar o social também. Afinal, um projeto social nos uniu (eu e minha ex-sócia) e ainda desenvolvemos outro ao longo do caminho (Coletivo Luzia). Conversamos com a Roberta Cibin, nossa amiga e uma das idealizadoras do Rock Camp Curitiba e pensamos juntas em chamar mulheres - nosso foco, sempre -, refugiadas ou migrantes para cozinhar na Mandarina. O tempo foi passando e não conseguíamos chegar a um formato plausível, viável para todo mundo. Então engavetamos a ideia.
Em um dia morno, de baixo movimento, entrou uma família de estrangeiros acompanhados de uma brasileira. Conversa vai, conversa vem, entendemos que eles eram afegãos, recém chegados à cidade e estavam usando os serviços dessa missionária brasileira para encontrar uma casa e dar entrada no trabalho/estudos. O papo rendeu tanto e foi tão absurdamente conectado ao que vínhamos conversando internamente sobre a Cozinha sem Fronteiras que fizemos uma proposta para a Lida vir cozinhar com a gente. No fim de semana dos dias 8 e 9 de abril de 2022, o tempero e o afago dessa comida tão diferente da nossa deu o incentivo certo que precisávamos para fazer a Cozinha Sem Fronteiras nascer.
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Esse primeiro fim de semana foi um sucesso de público e de divulgação! Embora não possa negar: erramos feio na quantidade de preparações, nos mil horários disponíveis, nos valores cobrados e quase tivemos um prejuízo. Rolou um belo aprendizado ali. O mais importante, no entanto, foi o acolhimento recebido pela Lida e seu olhar, apesar de cansado, muito agradecido quando acabou. Ela saiu tão satisfeita que tentou entrar com um processo para abrir uma barraquinha e servir comida afegã de rua. Não deu muito certo pela burocracia encontrada. Uma pena, seria um sucesso.
A repercussão foi tanta, que conhecemos a escritora Luciana Patrícia de Moraes, autora do livro “De Lá para Cá - histórias para ver, ouvir e comer”, junto com a Isadora Hofstaetter. A publicação fala sobre memórias, afetos e receitas culinárias de quem deixou sua terra natal para viver em Curitiba. E foi por causa do livro que convidamos a querida Jacque, do Benin e Lynda, do Haiti, para participarem da Cozinha. Fomos procuradas pela Jéssica Mainardes, uma professora que atua na região metropolitana da cidade, e ela nos apresentou a Cristina, da Venezuela. E a Bomoko, Associação dos Africanos em Curitiba, nos trouxe a Gloire, do Congo, e as amigas Mônica e Nory, de Angola.
Aliás, nossas convidadas de Angola estrearam a parceria que fizemos com o Negrita Bar, depois do fechamento da Mandarina. Na última edição, que aconteceu agora em abril de 2024, tivemos as indianas Sudja e Palavi que mostraram uma comida caseira, bem diferente da que encontramos nos restaurantes indianos da cidade.
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Vou dividir essa história em outras cartinhas para não ficar puxado. Explicar como funciona, as receitas, as similaridades entre as cozinhas, nosso público fiel de apoiadores e amigos que estiveram conosco ao longo desses dois anos.
O assunto é rico e merece uma continuação.
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Qual é a música, Pablo?
O show do ano está chegando. Mas eu me atrevo dizer que há dois shows do ano chegando e eles não estão ligados a nenhum grande festival, tipo Rock in Rio ou Lollapalooza.
Sim, estou falando de Madonna e da dupla de irmãos Bethânia e Caetano que serão os grandes protagonistas musicais do ano.
Minha adolescência foi ao som de Madonna, mas não, eu não usei luvinha ou crucifixos como muitas meninas da minha geração. Precisaria escutar toda a discografia dela para tentar saber qual a música que mais amo. Like a Virgin, Like a Prayer (revi o clipe e dei uma choradinha… aliás, ela está linda nele!), Material Girl, Holiday, Papa don`t Preach, são hinos da minha juventude. Vogue sem dúvida ficou marcada demais na minha cabeça, acho que já morava em Buenos Aires e lembro da galera da escola fazendo a coreografia na sala de aula, Judith, minha amiga húngara sabia inteirinha! E os artistas da letra…. Quem sabe de cor até hoje?!
O engraçado é que nenhuma dessas é a música que eu sentiria falta se ela deixasse de fora do set list. Mas se ela não cantar Hung Up…. eu vou ficar muito chateada. Loucura, né!? E o pior é a associação que eu faço. Lembra do clipe? Ele tem toda uma estética dos anos 70/80, ela de collat (não, não era body, tá?!) rosa e um cinto de brilhos roxo… o balanço, o swing daquelas pessoas dançando… a cena do metrô é bárbara, ela andando de calça jeans apertada e mais um cinto de brilhos, verde. Eu queria ter aquele andar… super seguro e determinado… maravilhoso demais. E aí, vem uma parte ainda mais sexy para terminar com passinhos a la baile de subúrbio carioca dos anos 90. Sério… Eu sou “vidrada” demais nessa música.
Não, não vou ao show. Não tenho coragem e nem grana pra isso, no momento. Mas estarei grudada na TV, assistindo tudinho e dançando. Estou bem feliz com a movimentação das amigas curitibanas que vão encarar um ônibus bate e volta para assistir a diva. Vai ser lindo, catártico e muito confuso.
Obrigada por chegar até aqui.
Beijocas e até loguinho
Rê
Rê, mi casa es su casa se resolver encarar a Madonna. Eu não pretendo sair de casa nesse dia, mas pra quem gosta de caos e animação vai ser um prato cheio :) Adorei esse punhado de assuntos da news da semana. Essa ideia de cozinhas do mundo todo? Eu vou te mostrar umas coisas sobre isso no privado. Quem sabe não te inspira?
Outono é a melhor época em tantos lugares, não é mesmo? E realmente, Rio é glorioso no outono.
o projeto cozinhas sem fronteiras é INCRÍVEL. E comida indiana de casa... amo muito! Me lembra da mãe da Sapna indo lá cozinhar pra ela quando a Natasha nasceu. Só que era uma comida sem pimenta, por suposto!
Estou ouvindo hung-up now!! Rs... mas a minha fave é Bordeline!! talvez pq eu seja um pouco borderline? rs... mas prefiro pensar em outra definição para borderline! hahaha.