#29 Amizade instalada
Voltei ao tema. Com tudo que li, ouvi, pesquisei e senti, estou entendendo que a vida é feita de fases. A menopausa é só mais uma. Seja amiga dela e siga em frente.
Oi, tudo bem?
Outubro chegou! Falei que depois de agosto, o ano duraria só 15 dias… Primavera está no ar e os ipês continuam floridos. Lindos, não!? Mas já pensou que isso também é um problema da loucura climática que estamos vivendo? A natureza é muito sábia, ela tem o seu tempo. Extrapolar, como os ipês estão fazendo, ou atrasar, como as flores de Maio da minha mãe, que no Rio davam flores justamente em outubro, não são sinais saudáveis.
Nós, meros mortais, não temos muito o que fazer. Sermos mais conscientes é um caminho. Já falei aqui, não é só usar sacolas de pano no supermercado, reciclar o lixo (para as cidades que cumprem com o combinado da reciclagem) ou levar menos tempo no banho. O buraco é mais embaixo. Ainda assim, são nas pequenas atitudes que formamos gerações mais cientes desse revés da natureza.
Amizade devidamente instalada (Parte 2)
O texto da última cartinha ficou enorme e eu não conseguia parar de escrever. Então, tive que dar um respiro e trazer as sobras para hoje. Você reparou, tem muita angústia, dúvida e até raiva. E tem também uma grande vontade de dialogar cada vez mais sobre o assunto. Se ele não fosse tão importante, não estaríamos falando tanto ou ele não seria ainda um tabu. Ou talvez, meu algoritmo esteja viciado no assunto e eu virei uma pessoa monotemática nas redes sociais… É, não deixa de ser uma possibilidade.
Da mesma maneira em que conversamos sobre menstruação, com quantos anos você perguntou para a sua mãe, avó, tia, madrinha, sobre a experiência delas com a menopausa? O que você viu, presenciou, percebeu de diferente nas mulheres ao seu redor, quando elas apresentaram os primeiros sintomas? Você notou que eram os primeiros sintomas ou apenas achou que estavam enlouquecendo? Aliás, você sabe que não são só os calores, e sim quase 50 sintomas associados ao climatério/perimenopausa e/ou pós-menopausa. Como esse assunto foi ou está sendo abordado na sua terapia? E nas conversas com seu companheiro/a, parceiro/a?
Eu tenho uma lista quase infinita de perguntas para fazer às mulheres ao meu redor. Tenho curiosidade de saber como elas estão se olhando, observando, cuidando ou entendendo sobre essa etapa. Muito porque, acho que precisamos nos educar sobre o assunto, mas também abraçar essa questão que nos atinge em cheio e afeta toda nossa estrutura. E olha que, de novo, estou falando do alto do meu privilégio… sim, porque ainda tem a questão dos privilégios de ter recursos para transformar essa fase em algo mais simples e não apenas achar que estou perdendo a sanidade de vez.
No podcast da Fernanda Lima, que comentei na última cartinha, ela entrevista/conversa com mulheres MUITO privilegiadas, sobre o assunto. Mulheres que têm recursos financeiros, sociais e psicológicos para tratamentos. E quaisquer que eles sejam, porque não se trata só de uma reposição hormonal (aliás, esse termo já está ultrapassado), tem a terapia, tem a alimentação, tem os exercícios físicos e tem o tempo - só pra citar alguns deles.
O contraponto só veio no 3o ou 4o episódio e ainda assim, com uma médica de hospital público. Foi ótimo, mas ainda sinto falta de ouvir outras mulheres. Sejam elas do meu convívio, com as quais tenho conversado mais e observado suas reações, seja com outras mulheres para além da minha bolha. O quanto não sofrem caladas ou apenas ignoram os sintomas porque, em suas vidas, não há tempo para esse tipo de questão e/ou sofrimento.
Aliás… a tríade: perimenopausa/menopausa/pós-menopausa não te afetou? Parabéns, você é ainda mais privilegiada do que imagina. Mas tem esse videozinho aqui e talvez você precise repensar se não te afetou mesmo…
A fala da maravilhosa psicanalista Vera Iaconelli, no 4o episódio do Zen Vergonha (acho péssimo esse nome) me fala muito ao coração. Como disse na última carta, a amizade se instalou e ainda estamos nos acertando. E sem querer romantizar, acredito mesmo que há um fortalecimento maior de nossas vidas, capacidades, criatividade e afins, do que a perspectiva de que estamos secas ou que a nossa função no mundo acabou. Somos muito maiores do que isso. E esse entendimento é fundamental para que essa amizade dê certo.
PRATO DO DIA
Vou ficar no bem simples. Outro dia, publiquei no Instagram a foto desse grão de bico tostado e algumas pessoas - muito influencer ela - me perguntaram como faz. Juro que fiquei surpresa, pois é um petisco fácil de fazer e até viralizou tempos atrás. Então, aqui está minha dica (porque não é bem uma receita, tá!?).
Grão de Bico Tostado
Vai ser difícil colocar quantidade certinha pois faço tudo de olho, mas vamos lá:
Deixar mais ou menos 500g de grão de bico de molho de um dia pro outro. Cozinhe em panela de pressão - depois que pegar a pressão, deixe mais uns 15/20 minutos e desligue o fogo. Eu escorro a água do cozimento e congelo uma parte do grão de bico - dá para você aproveitar em saladas, sopas, pastinha ou para esse grão de bico tostado.
Ligue o forno (eu prefiro fazer no elétrico) e espalhe o grão de bico em uma assadeira. Aqui tem um pulo do gato… não é pra ficar amontoado um no outro. É para eles estarem soltos na assadeira. Isso ajuda a tostar e deixá-los crocantes. Tempere: sal, pimenta do reino, páprica (uso a doce) e azeite. Mas na verdade, você pode brincar com os temperos que quiser. Coloque no forno e fique de olho por uns 30 a 40 minutos, controlando para não queimar.
Retire do forno, deixe esfriar e guarde em um pote hermético. Costuma durar mais de uma semana. Se bem que aqui em casa, nem tanto…
MERCEARIA DA VIDAL
Pare todas as séries ou a novela chata que você está assistindo e gaste poucas horas do dia para se deliciar com o eterno Seth de The OC. Ele cresceu, está um gato e forma um lindo par com a eterna Eleonor, de The Good Place (AMO!). A série é leve, romântica, super atual e com toques sutis para questionarmos a construção dos relacionamentos.
Li essa newsletter e fiquei maravilhada. Vou levantar a bandeira do velório humanizado. Com respeito, mas com um pouco de música, da comida preferida de quem partiu. Uma celebração pela vida de quem se foi, honrando todos os momentos convividos com essa pessoa.
PABLO QUAL É A MÚSICA?
O balanço, a energia e o swing do Stevie Wonder são indescritíveis! E olha que eu nem conheço sua discografia toda. Outro dia, escutando o LP Duets, do Frank Sinatra - adoro!-, ouvi essa música. E ela ainda tem história: fez parte do final da nossa cerimônia de casamento, quando entramos no salão. Pra quem não sabe, todas as músicas da cerimônia - antes da festa começar, foram músicas de filme. Essa, especificamente, bati o pé e disse que queria entrar com ela no salão dançando felizona! Tempinho depois, descobrimos que ela fez parte do filme A Sogra, com a Jane Fonda. Ou seja, seguimos cinematograficamente musicais (ligeira impressão que essa frase não faz sentido, mas é isso…).
E pensando bem, sobre tudo o que ando escrevendo e processando, talvez essa música se aplique para meu momento atual. Gosto de pensar assim.
For once, unafraid, I can go where life leads me
And somehow I know I'll be strong
Obrigada por chegar até aqui.
Beijocas
Rê
Incrível o texto. Me senti abraçada.
putaquepariu que carta.... tb quero saber mais sobre menopausa! Conte comigo para tb sairmos da bolha, pq não dá para entender essa porra de menopausa sem conversarmos com as mulheres ao redor.