Tem assuntos que estou enrolando pra falar, seja por medo, vergonha ou mesmo porque não sei como começar a escrever tudo que tenho pra dizer a respeito… Idade, corpo, menopausa, luto, Mandarina, maternidade… Perfeccionismo latente, medo de ficar só no raso, acabo me retraindo e deixando de lado. Então, por ora, vamos de obra, Rita e duas sobremesas primas, mas que rola uma certa competitividade entre elas. Vamos lá?
Oi, tudo bem?
Adivinha?? A obra acabou!! Faltam pequenos detalhes de decoração, mas isso é besteira. O que deveria durar 15 dias, levou 2 meses, entre idas e vindas, erros bobos, falta de comunicação e prazos não cumpridos. Mas sobrevivemos a aventura de dormir na sala, ter um quarto (muito bagunçado) de vestir - chique, né? - e à poeira. Agora, é colocar os armários em ordem, desfazer de roupas e tranqueiras que não cabem mais e aproveitar o chuveiro novo. Ah! E um espelho gigante e iluminado no banheiro! (vídeos de make, será?)
Cheesecake ou Torta Basca
Não tenho certeza, mas desconfio que foi no meio da pandemia em que ouvi falar dela pela primeira vez. Afinal, em termos culinários, quase tudo aconteceu ao longo da pandemia, não é mesmo? Pesquisando sobre o assunto, vi uma reportagem que conta que foi considerada “O Sabor do Ano”, em 2021 pelo New York Times. O fato é que desde o ano passado, essa sobremesa vem ganhando mais espaço, adeptos, versões e até uma loja especializada, lá no Rio.
Bom, nem adianta fazer suspense porque o título do texto já denuncia. A Torta Basca chegou chegando, abalando as estruturas do cheesecake, quer dizer das sobremesas, de forma imponente, cremosa e com um quê de elegância sutil (nossa, será que isso é possível?).
A Tarta Basca, como é conhecida, ganhou o mundo e mostrou porque San Sebastian, na Espanha, segue na briga como uma das melhores cidades gastronômicas do país. De acordo com o criador da versão européia da cheesecake, Santiago Rivera, do restaurante/bar La Viña, a ideia é deixar o queijo ser o verdadeiro protagonista do doce (que nem fica tão doce assim). E, embora a Tarta tenha alcançado essa notoriedade toda só agora, a receita original é de 1990.
Mas afinal, é uma cheesecake ou não? Embora as duas preparações tenham como ingrediente principal o cream cheese - queijo cremoso, que pela lenda urbana americana nasceu de um erro, muito usado em preparos culinário e em sanduíches -, a cheesecake tem uma base de biscoito, em muitas versões ganha adendos como gelatina incolor e a quase necessidade de ter uma cobertura, seja de geléia, cremes, frutas, etc. Além disso, é comum assar a cheesecake em banho-maria em uma temperatura mais baixa.
Já a Tarta Basca tem uma proporção maior de cream cheese, menos açúcar, é feita diretamente num papel manteiga - sem uma base de biscoito ou massa -, e não tem nenhum tipo de cobertura - ao contrário, a parte de cima deve ficar bem assada, quase caramelizada. E o detalhe mais importante, a Tarta é assada em fogo bem alto mesmo, o que dá uma característica quase de suflê.
Aqui em Curitiba já é possível encontrá-la em alguns lugares. Sei que a Fernanda, da Ragu Rotisseria, faz por encomenda. Conversei sobre o assunto com ela, e ela acha que ainda é um produto que precisa ser trabalhado para cair no gosto do público e contou que a cheesecake ainda tem mais saída. Ela mesma prefere a versão americana! A Cheesecake da Ragu sai por R$ 250 e serve 12 fatias. Na loja Delícias de Madrid, você também encontra.
No Rio, tem na Da Thábata, que caiu nas graças dos famosos e abriu uma loja no Shopping da Gávea. E como no Brasil tudo se transforma, a produtora teatral Thábata Tubino, responsável por popularizar a Tarta nas terras cariocas, já criou novas versões, inclusive a salgada! No mundo dos negócios, é preciso diversificar, não é mesmo?
A minha cheesecake é bem famosinha e era uma das sobremesas oficiais da Mandarina! Ainda mais acompanhada da geleia de frutas vermelhas com cumaru que fazíamos. Mas confesso que minha versão predileta de cheesecake é com um doce de goiaba que também fazia. AH! Nunca a fiz em banho maria… talvez teste algum dia desses para ver se dá muita diferença.
Fortemente influenciada por uma amiga minha que postou uma foto perfeita, fiz outro dia a versão da Tarta Basca. Não saiu boa. Cometi dois erros graves: a temperatura do forno quando a massa entrou não estava no auge da quentura e dividi ela em duas formas, porque achei que não fosse caber na que tinha separado. No final, acho que até caberia. Com isso, a massa não deu aquela crescida. Mas de sabor, ficou perfeita!!! Agora, preciso de uma boa ocasião para fazê-la de novo. Quem quer provar?
Vou deixar as duas receitas aqui para você testar, entender melhor a diferença e ver qual a que você prefere!
Cheesecake da Rê
Ingredientes
Massa
200g de biscoito maizena
100g de manteiga em temperatura ambiente (mas não muito amolecida)
Recheio
600g de cream cheese
140g de açúcar
3 ovos
1 colher de chá de baunilha
Modo de Preparo
Massa
Quem leu a última news sabe que aqui é a mesma coisa da Banoffee, né?
Triture o biscoito até virar uma farofa e misture com a manteiga para virar uma massa. Forre uma forma de fundo removível com papel manteiga e cubra com essa massa de biscoito e manteiga. Leve para assar em forno pré-aquecido por uns 5 minutos. Retire e deixe esfriar.
Recheio
Em uma batedeira, bata, em alta velocidade, o cream cheese e o açúcar, até incorporar bem. Depois, reduza a velocidade da batedeira, e acrescente os ovos, um a um, junto com a baunilha. Coloque sobre a massa pré-assada e leve de volta ao forno por mais ou menos 1h, em fogo médio. Quando estiver firme, retire, deixe esfriar e depois leve para a geladeira. Na hora de servir, coloque a cobertura que desejar!
Tarta Basca (receita da Thabata - se você fizer uma busca, vai encontrar diversas e todas diferentes!)
Ingredientes
1 kg de cream cheese em temperatura ambiente
6 ovos em temperatura ambiente
300 ml de creme de leite fresco
350 g de açúcar
1 colher (sopa) de farinha de trigo peneirada (ou amido de milho, para uma versão glúten free)
Modo de preparo
1. Preaqueça o forno a 200°C e forre uma assadeira grande (de 23 centímetros, aproximadamente) com duas camadas de papel-manteiga.
2. Em uma tigela, bata o cream cheese até ficar cremoso.
3. Coloque a batedeira em velocidade mínima e adicione aos poucos o creme de leite, até que a mistura fique homogênea.
4. Repita o mesmo procedimento com o açúcar.
5. Adicione os ovos, um a um, integrando bem cada unidade à massa.
6. Por fim, coloque a colher de sopa de farinha e misture bem.
7. Asse por cerca de 55 minutos. Se após 40 minutos a torta já estiver dourada o suficiente, cubra a assadeira com papel-alumínio para que termine de assar sem queimar.
8. Retire do forno e deixe esfriar fora da geladeira.
Qual a música, Pablo?
Essa é mais uma que será impossível de escolher, mas trouxe a artista aqui porque vai acontecer um evento muito legal e eu também queria falar dele. E como eu não vou decidir qual é a que eu mais gosto, foi deixar uma seleção especial.
Dia 18 de novembro, vai rolar no Wonka - um bar super descolado da noite curitibana, comandado pela Ieda Godoy -, um tributo à diva Rita Lee, produzido pelas amigas Roberta Cibin e Babi Age. Serão 40 mulheres, musicistas ou não, que irão se dividir no palco para tocar 29 músicas selecionadas (dificilmente selecionadas, eu diria). E euzinha estarei lá de backing vocal em algumas músicas. Sério, nem eu estou acreditando que me deixaram participar de um evento tão especial como esse, com minha voz e desafinação total. Mas estarei lá! E depois de participar de um ensaio, sai tão energizada que até queria uma banda pra chamar de minha. (durou 10 minutos a vontade, já passou….)
Quando a Rita morreu, eu chorei horrores. É fato que isso aconteceria em breve, mas é difícil admitir que uma pessoa, embora distante e que nem saiba que você exista, mas que você admira, tem carinho e torce por ela, se vá. Ano passado, eu pedi pro Ro, que coleciona LPs, que comprasse alguns discos dela nos leilões em que participa. E ele conseguiu verdadeiras obras primas. No dia da morte da Rita, ouvi todos em alto e bom som. Chorei especialmente em Saúde. Muito. Me lembrei da performance que minha prima Flávia fazia para No Flagra e eu era assistente de iluminação. E me emocionei em tantas outras canções que conheço desde sempre.
Como não vou escolher uma música específica, deixo aqui o link para você passar o dia escutando a Rita, com destaque para essas canções que eu estarei de backing vocal e vocal mesmo, no dia 18:
Lança Perfume
Saúde
Doce Vampiro
Nem luxo, nem lixo
Eu e meu gato
Cor de rosa choque
Eu ainda queria estar em Mania de Você e Desculpe o Auê e adoraria que tivesse a música Bem-me-quer no setlist do show, que eu amo demais. Pois é, a Rita faz isso. Ela conta histórias em suas canções e nos faz acreditar que somos capazes de tudo, até mesmo de cantar! Obrigada, Santa Rita, por mais essa graça alcançada na vida.
Um adendo rapidinho: se você não leu as duas autobiografias da Rita, peloamordadeusa, corra e leia logo. Lembrando sempre do seu Epitáfio: “Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”. Te amo, Rita!
Te vejo dia 18, então?
Vou nessa, preciso preparar minha voz!
Obrigada por chegar até aqui.
Beijocas e até loguinho
Rê
PS: desculpe pelo atraso. Demorei a colocar a cartinha nos correios essa semana!
Ahhhhdorei isso de backing vocal! :)) Que delícia deve ser! Poder sair do chuveiro! Ameii
Por aqui tem até franquia de torta basca. E o canarioca em Ipanema. Fiquei um tempo viciadinha... vou experimentar sua receita ;p
Bom showww
e eu chorei aqui lendo essa sua carta!
Ah, Rita Lee... mas péra... vc vai cantar tb? não só ser backing vocal? isso tu não me contou!! hahaha
Não lembro tb da performance da Flávia! rs...
Torta basca sem gluten no natal?