Oi, tudo bem? E esse calor? Alguém aí com piscina em casa pra me convidar?
Pois é, o calor está pesado e enquanto eu penso no vinho gelado desta sexta-feira (essa carta começou a ser escrita numa sexta!), eu saboreio um café quente delicioso que uma amiga trouxe da Colômbia! Café quente nesse calor, sou dessas!!
Te falei que estou em obras? Então… por conta de um vazamento para o andar de baixo, tivemos que quebrar o banheiro e, como desde que nos mudamos - há 11 anos -, nunca reformamos o nosso banheiro, armários e quarto/suíte, resolvemos encarar essa maratona que é fazer uma obra. Com a família toda dentro! Aventura pouca é bobagem. O quarto de hóspede virou quarto de vestir (uma boa época para desapegar das roupas - vem bazar aí!) e a nossa cama veio parar na sala. A decoração está bem bonita (contém ironia, obviamente!). Mas sabe que até que estou gostando de dormir na sala? Com esse calorão, aproveitamos o ar condicionado e ficamos bem fresquinhos nas noites mais quentes.
O ponto alto até o momento em que escrevo essa 4ª edição foi o dia em que o prédio desligou o cano de água errado. A água escoou por 2h40 sem parar e no momento em que o bombeiro hidráulico entendeu que poderia quebrar o cano, uma nova cachoeira se formou. Fiquei igual uma pomba sem asa correndo de um lado pro outro para desligar a água do prédio, acionando porteiros, síndica, vizinhos e Nossa Senhora da Água pelo Cano, para resolver a enchente.
Depois de muito tempo, eu e o bombeiro hidráulico ficamos enxugando o alagamento do quarto. Por milímetros, a água não passa para o corredor. E, provavelmente, por milagre ou cagada mesmo, não desce pelo teto do quarto do vizinho. O banheiro dele não teve tanta sorte assim e ganhou uma cachoeira no meio da tarde. E eu, ganhei mais um momento de fama involuntária num prédio que não gosta de espetáculos.
Quando ficar pronto, prometo fotinhos de revista!
Marcador de Texto
Se você chegou agora, volte algumas casas e leia a primeira cartinha. Lá começo a explicar sobre algumas seções que você vai encontrar aqui. E hoje tem mais uma edição do Marcador de Texto!
Por muito tempo, muito mesmo, este livro do Jamie Oliver era o meu livro de culinária favorito. Jaime fez muito sucesso na primeira década dos anos 2000 com seu programa de TV que aqui era transmitido pelo GNT. Ele e Nigella eram os queridinhos do momento e competiam na TV e nas prateleiras das livrarias, com jeito simples, simpático e um sotaque carregado, quem tinha as melhores receitas e preparos. Lembro que ir aos restaurantes do Jamie virou uma febre para quem podia viajar a Londres - antes das franquias que sabemos que não deram muito certo por aqui (o cara meteu os pés pelas mãos e reza a lenda que a dívida dele é maior do que a do Durski! - não preciso indicar que contém ironia, né?!).
Não vou me fazer de intelectual da culinária, a verdade é que adoro os livros dele, e o “30 minutos e pronto” (lançado em 2010/2012, Ed. Globo, Tradução de Evelyn Kay Massaro), embora ache uma grande bobagem a questão do tempo, eu uso direto. De vez em quando é necessário adaptar algumas coisas, especialmente produtos. E tudo bem, as ideias estão lá.
E é o que eu faço com essa salada de cenoura. Embora os ingredientes sejam fáceis de achar, eu mudo conforme a audiência e o que tenho em casa, mas mantenho a essência.
Salada de cenoura Jamie Oliver
Um punhado de amêndoas em lâminas torradas em frigideira
5 ou 6 cenouras raladas
1 pimenta vermelha fresca bem picadinha
1 maço de coentro fresco bem picadinho
1 pedaço de gengibre ralado
Misture todos os ingredientes numa tigela, tempere com sal, pimenta do reino, azeite, raspas de limão siciliano e um pouco do suco também. Finalize com as amêndoas. Essa salada é refrescante demais!
Minha versão, produzida recentemente
1 cenoura ralada
Mais de meio molho de salsinha bem picadinhas
1 maçã verde (sem casca) em quadradinhos
Nozes picadas
Raspas de gengibre
Sal, pimenta do reino e o azeite de oliva saborizado de tangerina
Mistura tudo e voilá!
Dá até pra comer com pão! (eu adoro salada com pão!! Ou seria pão com qualquer coisa?)
Pensando bem, se colocar umas lascas de pão italiano ou de fermentação natural tostado no meio, vai ficar ótimo!
Molho de salada divo!
Um dia desses de setembro, fim de semana, fiz um almocinho em casa. Simples: arroz, feijão, legumes grelhados e bife acebolado. Para complementar, uma saladinha verde e outra de repolho. Perguntei pro Ro (como eu chamo o Rogerio, el maridon): molho thai ou molho de iogurte? Iogurte, respondeu. Assim seja, mestre.
Nessa hora, ele estava mexendo no armário dos temperos líquidos (pois é, tenho essa divisão): azeites, melados, molho de ostra, molho sei lá de quê, estão todos guardados naquele armário… Jogou fora um vidro de um azeite saborizado que acabou e lembrou de um azeite de tangerina esquecido no fundo. E foi daí que veio a inspiração para o molho da salada.
Fiz um bem bolado do molho thai com o iogurte, mas o que predominou mesmo foi esse azeite saborizado de tangerina - antiguinho, esquecido coitado… mas que ainda está saboroso e serve exatamente para isso.
Obviamente não lembro as proporções, mas os ingredientes do molho eram:
Iogurte natural, sem açúcar
Cominho em pó - eu estou com um que comprei já em pó, mas se puder, compre as sementes e faça a moagem na hora. O sabor é, indiscutivelmente, melhor.
Azeite saborizado de tangerina- mas raspas de laranja e gotinhas dela funcionam super bem
Sal e pimenta
Melaço de Romã
A salada era repolho, rabanete e cenoura ralados. Molho servido à parte, sempre. O molho, dava para comer de colher, sozinho… a salada ficou quase dispensável…
Acabei de ler esses dois livros maravilhosos e queria muito falar sobre eles. Inclusive ganhei da mesma pessoa, em épocas diferentes. Obrigada, Ju Gubert, você não sabe como fui impactada por eles.
The Underground Railroad - Os caminhos para a liberdade
Colson Whitehead, Editora Harper Collins, com tradução da Caroline Chang, foi o vencedor do Prêmio Pulitzer de 2017.
É arrebatador… nem sei explicar tudo que senti ao lê-lo. O livro conta a história de Cora e sua saga pela liberdade através de uma ferrovia subterrânea que atravessa a América até os chamados Estados Livres, onde não há mais escravidão (?). É um romance com pitadas de realismo fantástico, que retrata uma época em que nunca nos vai ser possível quantificar o horror que foi. Pungente, diz na descrição da orelha do livro. E ele é isso e muito mais.
Tem uma série de mesmo nome, de 10 episódios, no Prime Vídeo, baseada no livro. Está na lista para assistir. Confesso que tenho medo, criei os personagens na minha cabeça tão fortemente, que vê-los “em carne e osso” me causa nervoso. Vou assistir. Só preciso de calma…
As pequenas chances
Natalia Timerman, de 2023, Todavia.
Não leia esse livro se você está passando por um luto. Ao mesmo tempo, leia esse livro se você passou por um luto. Ou mesmo, leia esse livro se você NUNCA passou por um grande luto. Tenha ele na estante. O momento certo, vai chegar.
Eu não consigo lembrar, de jeito nenhum, porque eu já seguia a Natalia no instagram. Deve ser pelos cursos da Ana Holanda ou talvez pelo livro - que ainda não li - A morte é um dia para ser vivido, que não é dela, mas é sobre o mesmo tema… enfim, não importa… ela aparece, de vez em quando, na minha timeline e eu já alimentava uma admiração por ela.
Ganhei o livro de aniversário e quis começar imediatamente, mesmo a Ju dizendo: vá com calma!
Não é um livro fácil de ler, embora a leitura seja muito fluida. Ela narra a experiência dela mesma ao acompanhar a última semana de vida do pai, que está com um câncer já muito avançado e sem chances de cura. Ela descreve o luto pela tradição judaica e como a religião, embora não fosse uma religiosa de carteirinha, a ajudou a passar por aquele momento. (aqui um parênteses bem pessoal/particular - a tradição judaica neste momento tem aspectos interessantes que poderiam ser adotados de um modo geral para quem passa pelo luto). Opa, não, não é um livro religioso e muito menos faz você querer se converter.
Por incrível que pareça, embora não seja fácil de digerir, é um livro leve e tem até alguns pontos de humor. O livro vai se misturando com passado em diferentes níveis. Uma hora você está na última semana da morte do pai, noutra hora você está acompanhando as dores do parto dela, em outra, você acompanha uma semana de uma viagem da família, pelas cidades de origem dos seus antepassados. E no último minuto, como nós jovens falamos: um plot twist carpado daqueles.
Eu chorei demais em vários momentos, ri em outros. Em vários projetei dores vividas e não vividas. Pensei na necessidade que temos, para nos entender, de saber e compreender a história de nossos antepassados. Lamentei que não tenho conhecimento sobre a minha família de origem para além dos meus avós maternos. Lembrei que preciso dar esse livro pra Ale, uma amiga querida que passou por duas perdas arrebatadoras.
Por fim, faltando um pouco mais de um mês para os 20 anos da partida da minha mãe, ler este livro, de alguma forma, trouxe um tico de paz e também um incômodo enorme. A gente sabe que o vazio nunca será preenchido, mas será que algum dia nos libertaremos dessa dor da perda? Será que algum dia nos perdoaremos pelos dias não vividos juntos? Será que algum dia aceitaremos que o passado passou? Teremos alguma chance de viver sem o fardo ou o peso da perda? Todas elas - vividas ou não junto aos que amamos? O livro não traz nenhuma resposta. Sinto muito, cada um que elabore as que melhor lhe preenche.
O assunto ficou pesado, eu sei. Faz parte do processo… mas pra tentar amenizar, deixa eu contar uma historinha que envolve a foto do livro As Pequenas Chances.
Estava quietinha na minha, curtindo uns posts no Instagram quando a Neli Pereira passa na minha timeline - na verdade, foi o Espaço Zebra, instagram do bar que ela tem em SP -, com um vídeo falando sobre infusões e o cardápio do fim de semana do lugar. De repente, ela mandou uma versão mucho impossível de reproduzir do Fitzgerald, um drink com nome de antiguinho, jeito de antiguinho, ingredientes clássicos, mas que só foi registrado em 2002 e, aparentemente, só agora está ganhando fama nos bares da vida.
Corre lá no Insta do Espaço Zebra para entender o porquê de ser impossível reproduzir a versão da Neli. Aproveita e segue ela também, jornalista e mixologista, Neli é uma entusiasta das nossas plantas, sementes e frutas que, com uma criatividade absurda, produz o Domingão do Balcão com opiniões afiadas sobre a realidade brasileira.
Pedi para o bartender da casa preparar um e usar esse copo lindo super vintage com um drink que parece ser tão vintage quanto o copo! Ficou bem delicioso e chique!
A versão do copo vintage é clássica
60ml de gin
20ml de xarope de açúcar
20ml de suco de limão siciliano
2 gotinhas de Angostura
Casca de limão siciliano
Em uma coqueteleira bata bem todos os ingredientes com gelo. Coe em uma taça de martini ou beba com gelo como eu!
Na era do LinkedIn, quem tem verborragia é Rei!
E a preguiça que ando de refazer, montar, reconstruir meu currículo? A última vez que mexi nele foi em 2019, embora eu tenha quase toda certeza que olhei para ele ano passado e refiz algumas coisas. Cadê esse arquivo? Não achei. Paciência. Peguei o de 2019 mesmo. Extremamente desatualizado… não consigo mexer nele. Nada parece verossímil, tangível, quem eu sou… nossa, eu fiz isso mesmo? Caramba, lembra desse job, foi tenso?!
Em tempos de Linkedin - onde ninguém erra, é demitido e é sempre o profissional ideal para assumir determinada função -, fica difícil preencher vagas ou fazer um resumo da vida profissional. Ainda mais quando já se fez de tudo um pouco, transicionou de carreira e agora precisa retornar. Retornar ao o quê mesmo?
O que percebo, no entanto, é que se torna imprescindível que você faça parte desse jogo de interesse e de “venda”. Ainda mais quando há profissionais especializados em produção / aprimoramento do seu próprio perfil profissional dentro da famosa rede social. A verdade, é que tudo é uma grande questão de narrativa. Quem conta a sua melhor versão, está mais apto a encarar as oportunidades que aparecem. Bato palmas para essas pessoas. Saber se vender é um dom.
Por outro lado, resumir o que já fiz, quem fui ou quem quero ser - profissionalmente -, requer habilidade, destreza e um tanto de cara de pau. Opa… cara de pau eu tenho! Talvez esteja mesmo na hora de me render a este profissional só para ajustar a narrativa e tocar o barco do marketing pessoal. Aliás, tem um jobzinho ai para mim? Necesitada estoy!
Qual é a música, Pablo
Há dias que escuto, sem parar, as músicas de um dos meus cantores/intérpretes favoritos. Já fiz uma lista das 10 melhores músicas ou das que mais gosto dele cantando. Não cheguei a conclusão alguma sobre qual seria A minha música favorita dele. Talvez apenas ele seja o suficiente, embora nem todas as músicas que ele interpreta eu goste. E numa manhã da semana passada, uma música atravessou meu coração.
Resolvi deixar o Ney quieto. A hora dele vai chegar, mas não agora.
Eu já sabia que La Belle de Jour entraria na minha lista das 50 músicas da vida. Mas algo ainda me incomodava. Alceu Valença é marcante demais na minha trajetória, especialmente nos anos de faculdade. O amor dele por Olinda e pelo carnaval pernambucano, do qual compartilho sentimento e interesse, me toca o coração. Ter estado em um desses carnavais em frente a sua casa em Olinda, acompanhar a saída do Bloco Maluco Beleza e admirá-lo nas sufocantes ladeiras da cidade histórica, enquanto ele comandava uma legião de fãs, nunca sairá da minha memória.
Ele conta que compôs essa música depois de se encontrar com uma ex-namorada em NY (e não no Leblon). Ela tinha cortado os cabelos e ali, antes de conversarem, ele tinha entendido que não iriam se reconciliar. Segundo ele: “uma mulher quando corta os cabelos depois do fim de um relacionamento, está dizendo para você que não quer mais aquela história”. Assim nasceu Tesoura do Desejo.
Não sei o quanto isso é real, mas é fato que, volta e meia, quando temos a necessidade de fazer uma mudança em nossas vidas, apelamos para o nosso visual e o cabelo é a forma mais rápida de romper ou encerrar aquela história. Ou a necessidade de se reencontrar para escrever uma nova história. Quem não se lembra da Lilian Cabral no filme O Divã, numa cena hilária com o então, quase desconhecido, Paulo Gustavo: “Repica René, repica René”.
O escritor da positividade (nunca li, mas encontrei ele pesquisando sobre cabelos….) Neil Eskelin afirma que: “A única diferença entre um dia ruim e um dia bom é a atitude”. Muito coach da felicidade pra minha cabeça, por isso prefiro a versão da Fleabag: “Cabelo é tudo… É a diferença entre um dia bom e um dia ruim…”
E acho mesmo que quando terminei um namoro lá em 1993 ou 1994 cortei meus cabelos! E lembro dessa música não me sair da cabeça naquela época. Talvez fosse eu cantando pra mim mesma, querendo acreditar que estava mudando. Cortar o cabelo e acreditar que é uma nova pessoa pode ser uma coisa bem efêmera, porém necessária para nos nutrir, fortalecer. Sem dúvida, nos ajuda a acreditar que somos capazes de uma mudança e de uma nova perspectiva de como encontrar a vida que desejamos. De cabelos novos e muita autoestima. Mas por favor, além de cortar os cabelos, mantenha a terapia em dia.
Amo a versão com a Zizi Possi, mesmo não sendo muito fã dela. A música é curta, breve, conta um milésimo de uma história que poderia ser a de qualquer outro casal que conhecemos ou já fomos. E de uma delicadeza deliciosa. Escuto de olhos fechados, imaginando ela num vestido negro, cabelo curtinho, acrescento óculos escuros e uma sandália rasteirinha… tem sol, mas tem o balanço do vento do Leblon. Ela atravessa a rua afobada, mas muito chique apenas para dizer: “não tenho tempo…. foi a tesoura do desejo, desejo mesmo de mudar”.
É primavera, outubro chegou e a contagem regressiva para o fim de ano começou. Nada de meter os pés pelas mãos nesse último trimestre, é só se desesperar com calma que tudo fica bem. Melhor ir finalizando essa carta intensa e extensa enquanto sigo fingindo normalidade e apaziguando a mente nesta contagem regressiva para 2024.
Beijocas e até loguinho
Rê
Se for para ter esse "naipe" de reflexões, que venham reformas pela casa toda!!! hahaha Amando móóóito! Não seria a reforma um tipo de corte de cabelo? Vivam as águas que correm, bem como certas tesouras dessa vida! Viva Rê, minha amiga!
Durski???
Aquele almoço arrasou mermo... mas acho que o molho ficou MUITO especial com a salada, e o rabanete deu um gosto especial (quem pediu para comprar?!). Eu tb amo salada, amo molho de salada, preciso voltar a fazê-los. Essa parada de morar sozinha dá uma preguicinha, mas é tão bom qdo cozinho. Eu adoro cozinhar! Aprendi tarde, mas amo.
E a história da capa do livro? Já quero ler, mas não sei se estou em uma época para ler um livro sobre luto... mas, realmente, o shiva é um lindo momento de lembrança, de encontro, de companheirismo... já vivenciei alguns e foi muito impressionante como me fez bem. Qdo a Mamãe morreu eu li um livro sobre o shiva. me fez bem tb...
Eu não achei o drink Fitzgerald! Vou procurar mais tarde!
Adoro seus textos!
Adoro seu humor!
Adoro vc!