#26 A Mãe do André e os pais do Pablo
Alguém me deixou ser mãe de um menino bem bacana e acho isso uma loucura! Dois homens resolveram criar o Pablo, um clássico da televisão brasileira. E uma sopinha de tomate bem simples de fazer.
Oi, tudo bem? Como está a vida por aí?
Calma, esta é a última semana de agosto. O mês está quase acabando, assim como o mercúrio retrógrado e não adianta mais culpá-lo pelos seus BOs. O desesperador é que de setembro até o Natal, teremos uns 15 dias para fechar o ano, terminar as pendências e adiar as metas para 2025. Vai dar tudo certo! Oremos.
Quem me deixou ser mãe?
André, meu filho, fez 15 anos no último dia 25 de agosto.
Há 15 anos eu sou mãe.
Mãe. Este é meu cargo, designação, título. Patente, talvez? Pode ser também um status e quem sabe até um adjetivo. O fato é que carregarei essa condição para o resto da minha vida. E veja, mesmo que o André parta antes de mim, eu não deixarei de ser mãe, como a esposa que perde o marido e se torna uma viúva. (Trabalhamos com dramaticidade)
Tem horas que eu penso, que raios de ideia foi essa? De onde alguém acreditou que eu seria uma pessoa adequada para se tornar mãe? Aliás, quem me deixou ser mãe mesmo?
Foram quase dois anos tentando engravidar, um aborto espontâneo, exames constrangedores (e não é só aquele de contagem de espermatozoide, me chama no privado que eu te conto) e algumas injeções para estimular a ovulação. A médica foi taxativa na última injeção: se não der certo, vamos partir para a inseminação.
André foi mais esperto e apareceu na jogada.
Faço parte daquele grupo de mulheres que amou estar grávida e cultivar aquela barriga por nove meses. Quase não tive intercorrências, apenas virei um pinguim lá pelas últimas semanas (visualize um pinguim andando, por favor….). Foram nove meses perfeitos demais, onde, mesmo com o andar descrito acima, parecia que eu caminhava pelas nuvens.
De qualquer maneira, sigo achando mucho loco pensar que tem um ser ali se desenvolvendo, se alimentando e se abastecendo da sua energia.
Por isso, entendo que esses nove meses de plenitude pelos quais passei, são exceção.
Aliás, fico pensando que na maternidade tudo não deixa de ser uma grande exceção. Quem tem mais de um filho sabe que um não é igual ao outro, assim como o próprio período de gestação. E mais ainda, você não é a mesma mãe para esses filhos.
Experimentamos a maternidade muito diferente uma das outras, e é egocentrismo achar que a sua maternidade reflete e/ou determina como será a gestação de outra mulher e a forma dela lidar com tudo isso. Sem falar na questão dos privilégios que entram de forma avassaladora nesses pontos.
No entanto, eu tenho um entendimento que pode ressoar em algumas mães. Minha sensação é a de que quando nasce um bebê, morre uma mulher. Aquela mulher que viveu até ali, não existe mais. Ela escorreu junto com a placenta e foi embora.
E a reconstrução dessa mulher, agora mãe, leva muito tempo. Talvez a vida inteira e ela nem perceba isso. Mais do que o nascer da culpa materna - você sabe, mãe e culpa serão companheiras para o resto da vida -, é reconhecer que aquela mulher nunca mais será a mesma.
Hoje, 15 anos depois de experimentar essa minha morte, tento ter um olhar mais carinhoso para essa mulher que nasceu junto com o meu filho. Há dias em que choro porque sei que poderia ser uma pessoa ou até mesmo uma mãe melhor. E tento afastar essa culpa que cresce à medida que os anos vão passando. Tento ser mais amorosa comigo mesma e me reconhecer no cara bacana que ele é, com seus defeitos, dramas, medos e inseguranças. Tento me lembrar sempre que exercemos a maternidade com as ferramentas, bagagens, acúmulo de vivências que temos. É o que é possível.
E eu estou viva.
André fez 15 anos.
Sou mãe há 15 anos.
Que legal que me deixaram ser a mãe dele.
Um aninho de outro bebê
Não, não vou chamar a newsletter de meu filho mais novo ou qualquer coisa parecida. Inclusive achei esse título aí muito brega. Mas também não é por isso que vou deixar de festejar essa data.
Eu escrevi um pouco sobre a news quando brinquei que atingimos a maioridade na edição #21. E agora está na hora de comemorar o primeiro ano de Palavras Temperadas e de me parabenizar por isso.
Um ano de devaneios, trocas, receitas, dicas, informações e música. De tudo um pouco e um tanto quanto bagunçado, afinal vem tudo da minha cabeça. Não poderia ser muito diferente.
Sou grata demais a quem me acompanha por aqui, trocando informações, elogiando, discordando ou até sem dizer que está na área. É muito legal saber que alguém me lê e sinto um orgulho danado por isso.
Mais uma vez e sempre, muito obrigada por estar aqui!
PRATO DO DIA
Essa sopa de tomate é muito fácil de fazer. Os puritanos talvez reclamem e eu entendo. Se você tiver tempo, o melhor mesmo é assar os tomates com cebola, alho, algumas ervas e etc. Mas pensando em custo e praticidade, eu prefiro fazer dessa forma.
Ela já virou um clássico aqui em casa e fiz em julho para o meu pai, lá no Rio. Até entrou em um cardápio do evento da Gabo Livros e Vinhos que fizemos lá na Mandarina. Foi sucesso!
Sopa de Tomates Simples
Ingredientes
1 litro de passata de tomate (atenção: é passata e nunca extrato de tomate)
2 col. (sopa) de azeite
1 cebola picada
2 dentes de alho
1 alho-poró picado
1 cenoura em cubos
1 batata média sem casca, picada
300 ml de caldo de galinha ou legumes - pode ser água mesmo (normalmente, uso água)
300 ml de creme de leite fresco
Preparo
Aqueça o azeite em uma panela e refogue o alho-poró, a cebola e o alho até murchar. Adicione as batatas e as cenouras, mexa e deixe cozinhar por uns 5 minutos.
Aqui, se quiser fazer uma bossa, acrescente um pouco de vodka e flambe.
Junte a passata e a água (ou o caldo), tampe e deixe cozinhar até os legumes ficarem bem macios (uns 20/30 minutos). Tempere com sal e pimenta do reino moída na hora.
Passe no liquidificador ou use o mixer.
Volte para a panela e adicione o creme de leite fresco.
Prove. Ajuste sal e pimenta. Se achar que a sopa está um pouco ácida, acrescente uma pitada de bicarbonato de sódio.
Dica legal: no evento da Gabo, servimos essa maravilha com o meu pesto, que você tem a receita aqui, e um pedaço de burrata.
Nestes dias mais frios é uma combinação perfeita.
QUAL É A MÚSICA, PABLO?
Pois é… até estranho escrever esse subtítulo. O assunto meio que já morreu, mas não falar da partida do Silvio Santos nesta seção me parece errado. Não tem como negar a importância que ele teve nos meios de comunicação do país. E para quem era criança/adolescente entre os anos 1970 e 1980 sabe que seu programa aos domingos fazia parte da cultura popular. Você lembra, naquela época eram pouquíssimos canais e não restava muita coisa para assistir na TV.
E foi, justamente do programa comandado pelo Silvio Santos, que veio a frase que dá título a essa seção. Pablo foi um personagem emblemático desses domingos. Uma coisa meio nonsense que surgiu graças ao então produtor do programa dominical, o jovem Gugu Liberato. O artista, que se chama Augusto Rodriguez, ganhou fama pelo seu rosto pintado, cabelo de príncipe valente e suas dublagens perfeitas.
Sumiu da TV, sofreu fake news sobre sua suposta morte e hoje, aos 67 anos, mora na Espanha, sendo um completo desconhecido em seu país de origem.
Por conta dessa historinha toda, hoje deixo a playlist que criei há tempos. Na verdade, pedi para o Rogerio começar lá nos idos da Cozinha da Rê e agora vou acrescentando o que gosto e tirando algumas coisas que não fazem muito sentido. Ou seja, tem de tudo um muito.
Aproveite!
Que bom que você chegou até aqui.
Em setembro teremos mais comemorações!
Beijocas e até loguinho
Rê
E Mercúrio Retrógrado acontecendo aqui e fazendo com que os emails do Palavras Temperadas não chegassem. Ainda bem que vim ler, amei seu relato de maternidade.
Eu amo a sua maternidade! E amo meu sobrinho! E lembro dos meus filhotes amando tanto o André; Pedro fazendo contas de quanto era mais velho que o primo. Laura se achando uma irmã mais velha.
Eles crescem muito rápido, e a gente lembra de tantas fazem bacanas...
E o orgulho que eu tenho da sua escrita?! Porran... cada dia mais! Vc é igual Caetano e Chico: vc é FODA!